CÂNCER E FERTILIDADE



CÂNCER DE MAMA


A Organização Mundial de Saúde (OMS), estimou que em 2008 surgiram cerca de 12 milhões de cânceres no mundo.

As mudanças dos hábitos, a vida moderna, o envelhecimento da população e o crescimento populacional aumentam a incidência das neoplasias malignas.

O câncer de mama esta relacionado a urbanização da sociedade, onde as mulheres com, status socioeconômico elevado, apresentam maior risco.

Cerca de 22% dos casos novos de câncer, em mulheres, são de mama.

O risco estimado é de 49 casos de câncer de mama para cada 100 mil mulheres.

A incidência de câncer de mama aumenta com a idade, mas uma porcentagem considerável ocorre entre os 25 e 35 anos.



Em paralelo, observa-se uma tendência mundial em postergar a gestação por motivos sociais, culturais e econômicos. Esse fato, representa um fator de risco para o câncer de mama e ovário. Os pacientes que apresentarem a doença antes de terem a prole constituída, apresentam risco de fertilidade futura.


Os profissionais da área de saúde que fazem o diagnóstico dessas pacientes, devem aconselhar adequadamente quanto as consequências ginecológicas e reprodutivas no tratamento dessas neoplasias.


O tratamento oncológico, em sua maioria, pode ser cirúrgico,  com uso de radioterapia ou  quimioterapia.

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RADIOTERAPIA


Utiliza radiação ionizante. Causam danos aos ovários e testículos, com grau e persistência dose dependentes, assim como do local primário de irradiação e idade da paciente. Quanto mais avançada a idade, maior o dano ao ovário.

As doenças tratadas com maiores dose e próximas dos ovários são as que trazem os maiores riscos, por exemplo:


  • Tumores no colo do útero
  • Tumores no reto
  • Tumores do Sistema Nervoso - cranioespinhal
  • Doença de Hodgkin que necessita irradiação dos linfonodos pélvicos.


A irradiação do útero esta associada a infertilidade, abortos espontâneos e restrição de crescimento intrauterino em futuras gestações.

Esses efeitos parecem estar relacionados a alterações irreversíveis na musculatura lisa do útero e no fluxo sanguíneo das artérias que nutrem os orgãos e consequente insuficiência endometrial.

QUIMIOTERAPIA


A quimioterapia reduz consideravelmente o número de folículos primordiais. Alguns trabalhos sugerem que a quimioterapia acrescentaria 10 anos a "idade ovariana" em função reprodutiva.

Os quimioterápicos atuam em alguma fase no ciclo celular. Sabe-se que a presença de ciclos menstruais aparentemente normais após a exposição a quimioterápicos NÃO é sinônimo de reserva ovariana preservada e boa qualidade oocitária. Existe uma toxicidade dos quimioterápicos sobre os oócitos em desenvolvimento.

A população alvo do congelamento de óvulos são mulheres com menos de 40 anos e sem prole constituida. Acima desta idade, a chance de gravidez futura, é significativamente menor.

A recomendação para congelamento de óvulos, se possível, ocorra antes do tratamento da quimioterapia.

Nos casos em que a tentativa de gravdez ou congelamento de óvulos ocorre após a quimioterapia, sugere-se que não postergue por mais de 6 meses.


Um problema a ser abordado seria o retardo do início do tratamento quimioterápico, uma vez que o tratamento para congelamento de óvulos necessita de 15 a 20 dias para estímulo e coleta dos óvulos. No entando, do ponto de vista oncológico, esse tempo de espera não é significativo. Um estudo envolvendo 82 pacientes com câncer de mama abaixo dos 40 anos demonstrou que o estímulo ovariano não retardou o inínio da quimioterapia.


CÂNCER DE OVÁRIO E FERTILIDADE


A incidência é relativamente baixa nas mulheres com menos de 40 anos.

A conduta clássica para neoplasia maligna de ovário é a retirada do útero, das trompas, dos ovários, do omento e dos linfonodos. Esta conduta inviabiliza uma gestação futura, exceto em casos que a mulher congele óvulos e recorra a um útero de substituição ("barriga de aluguel").

Em casos selecionados, com diagnóstico inicial, a cirurgia conservadora (retirada do ovário e trompa doentes com biópsia do outro ovário) é aceitada.


Assim, a seleção de pacientes para o congelamento de óvulos em pacientes com câncer de ovário é restrita.



TUMORES BENIGNOS DO OVÁRIO (TERATOMA, ENDOMETRIOMA E OUTROS)


Nos tumores benignos, a fertilidade também pode ser comprometida.

Tumores grandes podem não permitir uma cirurgia conservadora, com preservação de parte do ovário.

Nas cirurgias de ovário, principalmente nos endometriomas, por mais habilidoso que o cirurgião seja, sempre existe um dano além da capsula do tumor benigno, o qual reduz a quantidade de tecido ovariano remanescente e diminui a reserva ovariana.

Nesses casos, o congelamento de óvulos prévio a cirurgia pode ser uma opção para uma gestação pós cirurgia.



OUTROS CÂNCERES EM MULHERES ABAIXO DOS 40 ANOS E DOENÇAS BENIGNAS.


Outras neoplasias malignas que necessitem de tratamento quimioterápico ou radioterapia pélvica podem influenciar na fertilidade.


Mulheres com doenças benignas, que possam comprometer o funcionamento ovariano, como a esclerose múltipla, podem se beneficiar do congelamento de óvulos.


Todas essas pacientes devem consultar um especialista para avaliar a possibilidade de criopreservação dos óvulos antes do tratamento.



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